A necessidade de auto-conhecimento, de exploração do corpo e da mente provém de um recanto da nossa memória. Todos procuramos fontes de equilíbrio em cada acção que realizamos, que posteriormente se transformam numa sensação geradora de sensações no estado das pessoas. Não seremos um reflexo de tudo que o que está à nossa volta e do modo que observamos e sentimos o mundo? Não estaremos todos ligados por uma corrente, que nos faz ser parte integral de todos os nossos antepassados?
Apesar das limitações que nos impõe a sociedade, sou (e somos) um espelho de toda a herança cultural que descobri na história da Humanidade. Sem mais palavras, sou (e somos) um movimento eterno, do tempo, da continuidade da vida para além de todo o resto… Partindo da premissa “ uma fotografia para a eternidade”, de Pina Baush, tentei desenvolver um trabalho que passou por duas fases de experimentação. A primeira passou pela tentativa expor em vídeo imagens que me constroem diariamente e a segunda foi a tentativa de expor o que fica para alguém da nossa imagem externa .
Todos os dias expomo-nos aos olhares curiosos de uma sociedade camuflada com uma camada densa que cobre a sua verdadeira essência. Vestidos com farrapos que nos tapam dos pés à cabeça que escondem o mais puro e natural da natureza Humana. O que fica para lá do que os nossos olhos vêem? O nosso lado mais íntimo e genuíno. O mundo sensível, o nosso Eu interior… Segundo António Damásio, em O Mistério da Consciência, "a consciência é o termo abrangente para designar os fenómenos mentais que permitem o estranho processo que faz do Homem o observador ou conhecedor das coisas observadas.” Que consciência temos nós deste facto? O retrato para a eternidade é aquele que vai além da frágil aparência, é aquele que vai além dos olhos… O retrato para a eternidade é o que é negado ou escondido pela segurança da pose. O retrato para a eternidade somos nós no nosso estado mais lato. Nus, sensíveis, Humanos…