Reflectir sobre todo o meu percurso na ACE não faria sentido se não expusesse o que me levou a estudar neste curso.
O meu primeiro contacto mais intenso com o teatro foi quando fiz um workshop de Teatro do Oprimido.
Augusto Boal, criador do Teatro do Oprimido, criou uma forma teatral que democratiza o teatro, e que faz com que seja uma forma de olharmos para os nossos problemas e resolve-los. Olhar, observar aquilo que acontece e agir sobre a nossa realidade. E foi ao descobrir o mundo de Boal que se gerou em mim uma inquietação interna, fazendo-me acreditar que o diálogo é o melhor antídoto contra os conflitos, e o que é que é mais que o diálogo para além do próprio Teatro? O teatro é a linguagem Humana mais básica.
E foi com este sentimento que optei por estudar na ACE. No fundo sempre senti que ia entrar, que estava escrito no meu percurso de vida cruzar-me com todas as pessoas e com todo o conhecimento que esta escola me proporcionou.
Neste curso, e com toda a familiaridade que reina dentro destas paredes, foi-me permitido, para além de aprofundar técnicas teatrais, conhecer-me melhor a mim e ao mundo que rodeia.
Sempre recusei alguns hábitos da sociedade, sempre me questionei até que ponto vale a pena mostrar um resultado fechado, em vez de expor uma serie de questões que faz o indivíduo (re) pensar. E estudar teatro permitiu-me exactamente isso manter-me sempre em alerta, sem nunca me contentar com o superficial. Permitiu-me mergulhar no mais profundo que há na arte, como diz Andrey Tarkovski: “ Sinto que a arte tem um dever, é de mostrar ao homem que é um ser espiritual, que é transportado por um espírito infinitamente grande ao qual, enfim, acaba por regressar.”
Hoje, acredito que o teatro é o ensaio geral para evolução. E isso só me foi possível acreditar graças à minha passagem por esta “Escola de Atenas” (Rafael, 1506-1510), uma escola onde aprendi a discutir e desenvolver formas de pensar e de reflectir sobre o teatro, a arte e a vida…